domingo, 26 de janeiro de 2014

Fundamentos do Mercado Financeiro

Conteúdo Original por Renato Paulo Nicácio Pedrosa


A Cópia deste artigo é permitida desde que se cite a fonte e se comunique o autor


Quando alguém pega um empréstimo ele aluga um dinheiro hoje para devolvê-lo amanhã junto com o valor do aluguel.

Cada real que for pego emprestado custará para aquele que lhe toma algum valor de aluguel. Entretanto pode soar estranho falar que 500 reais custam 50 reais de aluguel. Por se tratarem da mesma unidade (dinheiro com dinheiro, reais com reais) o valor do aluguel pode ser medido como uma proporção do valor tomado como empréstimo.


Juros como Proporção do Valor

É mais fácil falar o valor do preço em dinheiro em proporções ao invés de valores absolutos. Isto porque caso a quantia alugada mude o preço continuará sendo compreendido. Imagine, se um empréstimo de R$500 custa R$50 de aluguel, quanto custa um empréstimo de R$550 reais? Na mesma proporção, o valor do aluguel é de R$55.

Mas como podemos expressar essas proporções? Através de simples divisões. A proporção que o preço do aluguel representa da quantia total alugada nada mais é do que o preço do aluguel dividido pelo valor total que foi alugado (emprestado).

Juros como Proporção do Valor

Por convenção costuma se apresentar as proporções como porcentagens. Utilizar uma porcentagem nada mais é do que dizer que a cada 100 temos tanto de alguma coisa. Números abaixo de 100% mostram que alguma coisa é menor do que aquela com a qual ela é comparada, números acima de 100% mostram que alguma coisa é maior do que aquela com a qual ela é comparada. 20% representa que a cada 100 temos 20. Simples, não?

Para sabermos quanto uma proporção (0,2 - por exemplo) representam em 100 (20%) basta que façamos o seguinte cálculo:

o preço do aluguel dividido pelo valor total que foi alugado (emprestado).


Juros como Proporção do Valor

No nosso caso do empréstimo de 500 reais com aluguel de 50 teremos cuja proporção (conforme já vimos) representa 0,1 fica assim:


Juros como Proporção do Valor

No mercado financeiro o preço do aluguel do dinheiro não costuma ser chamado de aluguel (como seria no mercado imobiliário), mas sim de juros. Entretanto, para todos os efeitos, os juros nada mais são do que o aluguel de um valor financeiro (dinheiro) medido proporcionalmente em porcentagem.

Logo, no exemplo que estamos seguindo, podemos dizer que os juros (ou o aluguel) dos 500 reais são 10%. (O Aluguel/Juros pago será 10% do valor emprestado por cada período de tempo – por mês, por exemplo).

Agora imaginemos novamente estes mesmos 500 reais sendo emprestados por um aluguel/juros de 10% ao mês. No dia 1 o tomador pega emprestado estes 500 reais e no mês seguinte devolve o empréstimo e paga os juros/aluguel (500 reais + 50 reais = 550 reais pagos). Entretanto e se ele decidir que precisa deste dinheiro por mais tempo? Se precisar dele por 4 meses, por exemplo? Então ele pega este dinheiro emprestado em um mês (mês zero) paga o juros/aluguel no mês 1, 2, 3 e 4 (50 reais em cada um deles). Neste quarto e último mês ele devolve o dinheiro emprestado (500). Seria assim:


Juros como Proporção do Valor

Da mesma forma que o aluguel do dinheiro no mercado financeiro há outros nomes específicos para este ramo de atuação. Os valores que o cliente pegou emprestado também têm outros nomes. Eles podem ser chamados de principal ou de valor presente (entre outros). Já os valores devolvidos (sem contar juros ou outros custos) são chamados de amortização (recebem este nome apenas ao serem devolvidos).

A maioria dos tomadores de empréstimos não gosta de pagar o valor pegado emprestado (amortizar) apenas no final do tempo de empréstimo. Isso porque isso faria a última parcela ser muito mais alta que as demais. Eles preferem dividir o valor durante a vigência do empréstimo (assim vão devolvendo devagarinho aquilo que eles pegaram emprestado). Se no nosso exemplo o tomador devolvesse em 4 parcelas iguais o valor que ele tomou emprestado a amortização (devolução dos valores pegos) seria assim:


Juros como Proporção do Valor

Porém amortizar (devolver os valores pegos) assim causa um problema. Como o tomador está devolvendo uma parte do empréstimo a cada mês não seria justo se ele pagasse os juros como se ainda estivesse alugando todo o dinheiro (afinal ele já devolveu uma parte). Ele só deve pagar os juros sobre os valores que ele ainda não devolveu (que ele continua alugando). Veja no exemplo:


Juros como Proporção do Valor

O único problema é que neste sistema de amortização fixa o valor pago varia, pois a soma dos valores pagos como juros e como amortização resultam em parcelas variáveis. (Como os valores pagos como juros estão caindo durante os meses e a amortização se mantém fixa, as parcelas serão decrescentes). Veja:


Juros como Proporção do Valor

A maioria das pessoas prefere parcelas iguais para pagar, pois assim fica mais simples de gerenciar o orçamento. A maneira para se conseguir parcelas iguais com amortizações ao longo do período é balancear o valor da amortização com o valor dos juros pagos de forma a tornar parcela sempre constante. Isto é chamado de Tabela Price ou Sistema de Amortização Francês. Este é o modelo que usamos para gerar nossos empréstimos com parcelas fixas. No nosso exemplo as condições a seguir são aquelas que geram parcelas fixas.


Juros como Proporção do Valor

Neste caso, os juros são calculados assim:


Juros como Proporção do Valor

...


Além dos juros (que são o aluguel do dinheiro) o mercado financeiro inclui outros custos no empréstimo. Um dos custos incluídos é o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que vai para os governos financiarem as políticas públicas. Outro deles é a Tarifa de Abertura de Crédito (TAC). Alguns bancos incluem ainda outros custos ao conceder um empréstimo, mas na maioria das vezes são apenas estes dois. Isso complica o dimensionamento do custo que o cliente terá que arcar quando solicita um empréstimo. Pense nessa situação: Um Banco (A) cobra 1% de Juros ao mês + IOF + R$1.000,00 (TAC), já Outro Banco (B) cobra 2% de Juros ao mês + IOF + R$200,00 (TAC). Qual é o mais vantajoso para o tomador?

Difícil, não é? A resposta correta é depende. Várias contas precisam ser feitas para que cheguemos à resposta. Custos em diferentes unidades (algumas em proporção, outras em valores concretos dificultam a conta). Na prática isto dificulta a comparação entre os bancos e fica mais difícil para os tomadores saberem qual banco tem um preço (aluguel/Juros) menor do que o outro na hora de tomar um empréstimo. Por isto o Banco Central do Brasil criou o Custo Efetivo Total (CET).

O Custo Efetivo Total (CET) apresenta ao tomador todos os custos do empréstimo já somados na mesma unidade (uma proporção percentual da mesma forma que os juros). Mas o CET e os Juros não são a mesma coisa. Os juros mostram uma parte do que o cliente vai ter que pagar ao tomar dinheiro emprestado. O Custo Efetivo Total (CET) apresenta o custo total que o cliente vai arcar (o aluguel do dinheiro/juros, impostos e quaisquer tarifas cobradas pelo banco) em um único número. Nada além do CET pode ser cobrado do cliente. Através do CET os bancos, as linhas de financiamento e os produtos podem ser comparados de forma simples e rápida. Um Banco (A) que para um empréstimo tenha um CET de 2% ao mês será mais vantajoso que Outro Banco (B) que tenha um CET de 3,5% ao mês sob as mesmas condições (valor emprestado, prazo, etc).

Ou seja, o CET torna os bancos comparáveis e aumenta a competição bancária (para benefício do cliente).

...


Mas qual a diferença (prática) entre juros simples e compostos?

Os juros simples servem quando o capital/principal é fixo.

Imagine uma poupança onde você tenha determinado valor (500 reais, por exemplo) e este rende 10% ao ano. Por 5 anos você retira todos os juros para gastar durante o natal. Neste caso você nunca acumula mais dinheiro na conta do que quando começou. Sempre terá ali 500 reais e sempre retirará 50 reais por ano para gastar. Isso é a aplicação de juros simples.

Imagine agora que você pegou um empréstimo com um amigo, mas este amigo lhe disse que você nunca precisa devolver o dinheiro (amortizar o principal). A única coisa que você precisa fazer é pagar os juros de 10% ao ano todos os anos (afinal de contas, se não tivesse emprestado para você ele teria deixado o dinheiro na poupança). Todo ano você paga 50 reais a ele e nada a mais. A única coisa que você vai usar são juros simples.

Em ambos os casos o que você teria seria 10% de Juros Simples ao ano, desta maneira:

Juros como Proporção do Valor

Por outro lado, se os valores se acumulassem, então você teria uma aplicação de Juros Compostos. Como o valor na conta a cada ano aumenta em relação ao ano anterior (pela economia dos juros) o resultado de um mesmo juros (10% ao ano) em 5 anos seria um valor maior na soma e maior a cada ano após o segundo.

Imagine então que você tem a mesma poupança com um saldo inicial de 500 reais, rendendo os mesmos 10% ao ano durante os mesmos 5 anos. Mas ao invés de gastar os juros todos os anos você os economiza e reinveste na poupança esperando retornos maiores no futuro. Desta forma a cada ano o seu rendimento será maior. Se resolver sacar tudo no final do quinto ano, você terá bem mais do que teria se sacasse os juros todos os anos para gastar (mesmo que, neste caso, no último ano você sacasse junto todo o seu investimento inicial).

Imagine agora que o seu amigo emprestou dinheiro para você nas mesmas condições da poupança. Mas disse que você não precisa pagar os juros anuais para ele. O que você precisa é apenas pagar no último ano o valor do saldo que ele teria acumulado na poupança. Embora não tenha o esforço anual de lhe pagar alguma coisa, no final a conta sairá mais cara.

Veja a tabela abaixo:

Juros como Proporção do Valor

Tudo que estivemos fazendo aqui com os pagamentos de empréstimos são a aplicação do conceito de juros compostos ao inverso (ao invés dos saldos acumularem, eles se reduzem até chegar em zero e acabar o empréstimo). Discutimos isso no início através dos Sistemas de Empréstimos e Amortização.

Outra pergunta essencial é se os bancos fazem algo bom pelos seus clientes.

Dá para ganhar dinheiro pegando empréstimo num banco?

E a resposta é: dá sim! Quando o dinheiro é usado para fazer investimentos dá sim. E isto é tão facilitado quando o custo do empréstimo é baixo. Isto é chamado de crescer com capital de terceiros.

Quer um exemplo? Imagine que uma empresa pegue 5.000 reais para capital de giro com um banco a um CET de 2% ao mês. Com este dinheiro ela compra 10 produtos para revender ao custo variável de 500 reais cada e um preço de venda de 750 reais. Isso dá a ela uma margem de contribuição de 250 reais (750-500 de custo) para cada mercadoria. Os outros custos e despesas (como salários de pessoal) da empresa divididos por todas as mercadorias são de 230 reais por mercadoria. Logo a margem operacional dela será de 20 reais (250-230) por produto. Nos 10 produtos ela conseguiu uma margem total de 200 reais (por mês, afinal o capital de giro... gira e renova o estoque todos os meses). O CET de 2% do banco equivalem a 100 reais por mês. Depois de pagar os juros e custos do empréstimo ainda sobram 100 reais de lucro para o cliente. Bom para o banco, bom para o cliente e bom para toda sociedade que ficou mais rica e desenvolvida.

Não existem estudos sobre quanto a taxa de lucro (ou ROE, sigla em inglês de Retorno Sobre o Investimento) deveria estar acima da taxa de juros. Entretanto Adam Smith, um dos pais do capitalismo, em seu livro a riqueza das nações dizia que a taxa de lucro (ou ROE) deveria ser o dobro da taxa de juros de um financiamento. Ou seja, se a taxa de juros média do capital financiado da sua empresa é 2% você deveria estar lucrando 4% ao mês. Isso significa que se você tem 10.000 reais investidos em um negócio deveria estar lucrando 400 reais por mês e pagando no máximo 200 reais de juros (por este mesmo capital). Mas não existe número certo, o importante é que o lucro esteja acima do que é gasto com juros para fazer valer a pena.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Pesamento sobre economia

A Ciência da Economia de Mercado é mais difícil do que parece e muitos Doutores em Economia desconhecem o seu real modo de funcionamento.

domingo, 27 de outubro de 2013

Primeiras Reflexões sobre Alta Política no Brasil #1

Eu penso que esquerda e direita são conceitos tão velhos que não fazem mais nenhum sentido nos dias de hoje. Afinal subsidiar milhões para empresários sem metas de competitividade e escolhê-los por critérios obscuros é de esquerda ou direita? Para mim seria de direita. Mas o que significa quando se faz isso ao mesmo tempo que se amplia a renda do trabalhador e do mais pobre? Para mim significa que não é mais uma questão de direita e esquerda. É uma associação dos setores conservadores-aristocratas (pensem nas cortes desembarcando com D. João VI para ter uma boa imagem) que são horrorizados com a concorrência e a competição por quebrar a ordem natural da sociedade estamental e dos setores coletivistas-estatistas (socialistas via de regra, embora seja um conceito prático e não teórico, pois na teoria os socialistas buscariam o comunismo onde a liberdade seria plena e não haveria Estado) que têm horror ao "caos" de uma sociedade auto-organizada sem um líder bondoso a determinar, para o bem de todos e para a igualdade plena, a função e papel de cada um na sociedade, escolhidas pela sua vontade de cima. A prova disto é ver grandes empresários engajados em algum partido com a sigla socialista e com a meta de socializar os capitais. Embora eles jamais socializem grandes propriedades, apenas eventualmente algumas pequenas propriedades em prol do "interesse público" de construir uma estrada ou algo assim.

Na minha visão quem realmente foi expurgado da cena política brasileira foram os liberais, os libertários e os anarquistas. A política liberal que criou a democracia, gerou a separação dos poderes e os pesos e contrapesos da disputa política, fez a justiça ser cega para tratar todos igualmente (e o próprio conceito de igualdade perante à lei ou a definição de leis abstratas que só têm validade para fatos ocorridos após sua criação e que indistinguem os cidadãos), deu direitos iguais para todos (inclusive de propriedade que antes de defender o grande, proíbe a apropriação do pequeno pela força do grande) foi, esta sim, caçada no Brasil.

E não importa que a palavra liberal tenha, nos Estados Unidos e por motivos indefiníveis, invertido parcialmente seu significado; ser liberal não significa, para mim, ser libertário nem ser anarco-capitalista, nem ser anarquista, nem ser comunista.

Ser liberal significa estar alinhado com algumas ideias históricas como as que Rousseau professava ("o homem nasce bom e a sociedade o corrompe"/ Há a necessidade de um contrato social para legitimar a ação do Estado, "O homem nasce livre, e em toda parte é posto a ferros", etc.), com as que Adam Smith e outros brilhantes economistas clássicos/liberais professavam, Kant (principalmente suas ideias sobre a ética prática) e alguns práticos como Mauá e JK.

Sim, JK, porque na minha visão ser liberal não está no tamanho do Estado ou do gasto público, mas no respeito às regras, no estímulo à concorrência, na liberdade de agir dentro delas e de questioná-las quando perderem o sentido.

E mais importante de tudo, para mim, ser liberal é defender e continuar o Iluminismo, ou seja, fomentar a mais livre troca de ideias e permitir as experimentações (desde que sejam éticas no sentido que Kant lhes dá) sem obrigar-lhes a se enquadrar em ideologias e dogmas pré-concebidos. Outra característica do liberalismo é considerar cada ser humano importante. Característica essa menos importante em termos globais que o iluminismo, mas essencial para a sua existência (onde um indivíduo poderia questionar o consenso social se ele é menos que o grupo que implementou o consenso?).

Enfim, ser liberal significa ser defensor das liberdades, não só pelo valor intrínseco que elas carregam (e elas carregam sim enorme valor e bem estar em si), mas pelos efeitos práticos na vida e no desenvolvimento humano que elas geram.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Pensamento de Semanas atrás (parece que não tinha ido antes)

A Ciência da Economia de Mercado é mais difícil do que parece e muitos Doutores em Economia desconhecem o seu real modo de funcionamento.

domingo, 29 de setembro de 2013

Não precisamos mais dele? Não precisamos de mais dele? Não precisamos demais dele? Não precisamos dele ainda mais? Não precisamos dele demais?

Quando você não tem ninguém para bom para votar e colocar no comando do Estado, é talvez porque as repostas não estejam no Estado e talvez não precisemos mais dele.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Diplomacia e Liberdade

Minha opinião sobre o caso do Senador Boliviano. Algumas atribuições um servidor que serve ao público e não só ao governo deve ter de ofício. Por exemplo, o Ministério Público deve ter poder de processar o governo quando verificar algo errado, ainda que o governante discorde de sua atuação, e o Tribunal de Contas deve reprovar as contas que não baterem independente do que a presidente da república achar ou deixar de achar sobre isso. Penso que o mesmo deve existir entre a Diplomacia e os direitos humanos internacionais, principalmente o direito de liberdade. Neste caso não deveria ser facultativo a um governo opor-se ao dever de ofício de um servidor do público e do Estado.

domingo, 11 de agosto de 2013

Guerra Fiscal? - Ou Estados Competitivos?

O que o pensamento político dominante aponta como sendo Guerra Fiscal: a escolha de alíquotas de ICMS competitivas; eu vejo como sendo uma saudável competição interfederativa por negócios e cidadãos entre os estados brasileiros. O estado, que provê maior custo x benefício entre os serviços públicos e os impostos pagos, ganha mais negócios e mais cidadãos tentem a desejar morar nele. Já aqueles mal administrados em que os benefícios do serviço público são baixos (infraestrutura mais precária, por exemplo) em relação ao nível dos impostos tendem a perder negócios e ver seus cidadãos deixarem seus espaços.


Para mim a preocupação e a urgência em acabar com esta competição é a expressão mais sólida de um imenso patrimonialismo de Estado entranhado em nossa pele até o osso. O imposto significa o preço pago pelos serviços públicos ditos gratuitos. Impedir que o cidadão-consumidor escolha seu fornecedor com diferenciação de preços representa criação de monopólios e oligopólios locais com forte favorecimento para os estados mais ricos em que as empresas e as indústrias já estão instaladas. Ou seja, é um esforço para manter um status quo em que por um lado ganham os mais ricos que deixam de perder e perdem os mais pobres que deixam de ganhar. Por outro lado todos perdem com a dificultação do livre comércio dentro do próprio Estado Nacional com pioras conhecidas para todos. Como podemos falar em livre comércio regional (MERCOSUL) ou livre comércio mundial (Rodada Doha) se não fazemos nosso dever de casa nem aqui dentro? Nossos fracassos internacionais não são só culpas de cenários externos desfavoráveis, mas antes de mais nada são expressões dos nossos vícios de casa, nacionais, na nossa política externa.


Ou o Brasil se pensa mais estrategicamente como ator global que é, ou estaremos fadados a consolidarmos uma posição de país de segunda categoria apesar de toda a riqueza multidimensional que possuímos


...


Coisa muito diferente do que discutimos aqui e que deveríamos repensar, entretanto, são as concessões de privilégios tributários para algumas empresas. Ou seja, quando o estado diminui impostos, não horizontalmente para toda a economia, mas para uma ou outra empresa escolhida a dedo. Por que uma empresa merece tal privilégio? Será que uma indústria internacional vale mais que uma construída aqui? Ou será que uma empresa de TI dos EUA implantada aqui representa mais desenvolvimento do que aquela nacional construída no quintal de alguém ou dentro de uma de nossas universidades? Caso aja alguma vantagem em tais concessões elas deveriam, no mínimo, ser feitas em critérios claros e objetivos, burocráticos no sentido weberiano, ao qual todas as empresas interessadas pudessem concorrer pela posição especial junto ao fisco. Isso se torna ainda mais crítico quando as empresas beneficiadas beneficiam os partidos políticos com doações para campanhas políticas.