terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Pesamento sobre economia

A Ciência da Economia de Mercado é mais difícil do que parece e muitos Doutores em Economia desconhecem o seu real modo de funcionamento.

domingo, 27 de outubro de 2013

Primeiras Reflexões sobre Alta Política no Brasil #1

Eu penso que esquerda e direita são conceitos tão velhos que não fazem mais nenhum sentido nos dias de hoje. Afinal subsidiar milhões para empresários sem metas de competitividade e escolhê-los por critérios obscuros é de esquerda ou direita? Para mim seria de direita. Mas o que significa quando se faz isso ao mesmo tempo que se amplia a renda do trabalhador e do mais pobre? Para mim significa que não é mais uma questão de direita e esquerda. É uma associação dos setores conservadores-aristocratas (pensem nas cortes desembarcando com D. João VI para ter uma boa imagem) que são horrorizados com a concorrência e a competição por quebrar a ordem natural da sociedade estamental e dos setores coletivistas-estatistas (socialistas via de regra, embora seja um conceito prático e não teórico, pois na teoria os socialistas buscariam o comunismo onde a liberdade seria plena e não haveria Estado) que têm horror ao "caos" de uma sociedade auto-organizada sem um líder bondoso a determinar, para o bem de todos e para a igualdade plena, a função e papel de cada um na sociedade, escolhidas pela sua vontade de cima. A prova disto é ver grandes empresários engajados em algum partido com a sigla socialista e com a meta de socializar os capitais. Embora eles jamais socializem grandes propriedades, apenas eventualmente algumas pequenas propriedades em prol do "interesse público" de construir uma estrada ou algo assim.

Na minha visão quem realmente foi expurgado da cena política brasileira foram os liberais, os libertários e os anarquistas. A política liberal que criou a democracia, gerou a separação dos poderes e os pesos e contrapesos da disputa política, fez a justiça ser cega para tratar todos igualmente (e o próprio conceito de igualdade perante à lei ou a definição de leis abstratas que só têm validade para fatos ocorridos após sua criação e que indistinguem os cidadãos), deu direitos iguais para todos (inclusive de propriedade que antes de defender o grande, proíbe a apropriação do pequeno pela força do grande) foi, esta sim, caçada no Brasil.

E não importa que a palavra liberal tenha, nos Estados Unidos e por motivos indefiníveis, invertido parcialmente seu significado; ser liberal não significa, para mim, ser libertário nem ser anarco-capitalista, nem ser anarquista, nem ser comunista.

Ser liberal significa estar alinhado com algumas ideias históricas como as que Rousseau professava ("o homem nasce bom e a sociedade o corrompe"/ Há a necessidade de um contrato social para legitimar a ação do Estado, "O homem nasce livre, e em toda parte é posto a ferros", etc.), com as que Adam Smith e outros brilhantes economistas clássicos/liberais professavam, Kant (principalmente suas ideias sobre a ética prática) e alguns práticos como Mauá e JK.

Sim, JK, porque na minha visão ser liberal não está no tamanho do Estado ou do gasto público, mas no respeito às regras, no estímulo à concorrência, na liberdade de agir dentro delas e de questioná-las quando perderem o sentido.

E mais importante de tudo, para mim, ser liberal é defender e continuar o Iluminismo, ou seja, fomentar a mais livre troca de ideias e permitir as experimentações (desde que sejam éticas no sentido que Kant lhes dá) sem obrigar-lhes a se enquadrar em ideologias e dogmas pré-concebidos. Outra característica do liberalismo é considerar cada ser humano importante. Característica essa menos importante em termos globais que o iluminismo, mas essencial para a sua existência (onde um indivíduo poderia questionar o consenso social se ele é menos que o grupo que implementou o consenso?).

Enfim, ser liberal significa ser defensor das liberdades, não só pelo valor intrínseco que elas carregam (e elas carregam sim enorme valor e bem estar em si), mas pelos efeitos práticos na vida e no desenvolvimento humano que elas geram.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Pensamento de Semanas atrás (parece que não tinha ido antes)

A Ciência da Economia de Mercado é mais difícil do que parece e muitos Doutores em Economia desconhecem o seu real modo de funcionamento.

domingo, 29 de setembro de 2013

Não precisamos mais dele? Não precisamos de mais dele? Não precisamos demais dele? Não precisamos dele ainda mais? Não precisamos dele demais?

Quando você não tem ninguém para bom para votar e colocar no comando do Estado, é talvez porque as repostas não estejam no Estado e talvez não precisemos mais dele.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Diplomacia e Liberdade

Minha opinião sobre o caso do Senador Boliviano. Algumas atribuições um servidor que serve ao público e não só ao governo deve ter de ofício. Por exemplo, o Ministério Público deve ter poder de processar o governo quando verificar algo errado, ainda que o governante discorde de sua atuação, e o Tribunal de Contas deve reprovar as contas que não baterem independente do que a presidente da república achar ou deixar de achar sobre isso. Penso que o mesmo deve existir entre a Diplomacia e os direitos humanos internacionais, principalmente o direito de liberdade. Neste caso não deveria ser facultativo a um governo opor-se ao dever de ofício de um servidor do público e do Estado.

domingo, 11 de agosto de 2013

Guerra Fiscal? - Ou Estados Competitivos?

O que o pensamento político dominante aponta como sendo Guerra Fiscal: a escolha de alíquotas de ICMS competitivas; eu vejo como sendo uma saudável competição interfederativa por negócios e cidadãos entre os estados brasileiros. O estado, que provê maior custo x benefício entre os serviços públicos e os impostos pagos, ganha mais negócios e mais cidadãos tentem a desejar morar nele. Já aqueles mal administrados em que os benefícios do serviço público são baixos (infraestrutura mais precária, por exemplo) em relação ao nível dos impostos tendem a perder negócios e ver seus cidadãos deixarem seus espaços.


Para mim a preocupação e a urgência em acabar com esta competição é a expressão mais sólida de um imenso patrimonialismo de Estado entranhado em nossa pele até o osso. O imposto significa o preço pago pelos serviços públicos ditos gratuitos. Impedir que o cidadão-consumidor escolha seu fornecedor com diferenciação de preços representa criação de monopólios e oligopólios locais com forte favorecimento para os estados mais ricos em que as empresas e as indústrias já estão instaladas. Ou seja, é um esforço para manter um status quo em que por um lado ganham os mais ricos que deixam de perder e perdem os mais pobres que deixam de ganhar. Por outro lado todos perdem com a dificultação do livre comércio dentro do próprio Estado Nacional com pioras conhecidas para todos. Como podemos falar em livre comércio regional (MERCOSUL) ou livre comércio mundial (Rodada Doha) se não fazemos nosso dever de casa nem aqui dentro? Nossos fracassos internacionais não são só culpas de cenários externos desfavoráveis, mas antes de mais nada são expressões dos nossos vícios de casa, nacionais, na nossa política externa.


Ou o Brasil se pensa mais estrategicamente como ator global que é, ou estaremos fadados a consolidarmos uma posição de país de segunda categoria apesar de toda a riqueza multidimensional que possuímos


...


Coisa muito diferente do que discutimos aqui e que deveríamos repensar, entretanto, são as concessões de privilégios tributários para algumas empresas. Ou seja, quando o estado diminui impostos, não horizontalmente para toda a economia, mas para uma ou outra empresa escolhida a dedo. Por que uma empresa merece tal privilégio? Será que uma indústria internacional vale mais que uma construída aqui? Ou será que uma empresa de TI dos EUA implantada aqui representa mais desenvolvimento do que aquela nacional construída no quintal de alguém ou dentro de uma de nossas universidades? Caso aja alguma vantagem em tais concessões elas deveriam, no mínimo, ser feitas em critérios claros e objetivos, burocráticos no sentido weberiano, ao qual todas as empresas interessadas pudessem concorrer pela posição especial junto ao fisco. Isso se torna ainda mais crítico quando as empresas beneficiadas beneficiam os partidos políticos com doações para campanhas políticas.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Pensamentos: Saúde

O Problema da Saúde no Brasil é de conceito. Os governos sociais-democratas lutam para prover a saúde comunitária enquanto o povo grita por mais saúde individual. A população busca atendimento como indivíduos e avalia a qualidade do serviços sob a perspectiva da experiência individual, enquanto o Estado busca a construção de comunidades saudáveis e sanitárias sob a perspectiva dos dados epidemiológicos regionais. Aí está a tensão. A luta está em se dar aquilo que não se quer a quem quer muito outra coisa. Mas saúde individual virou um mito, catedrais pseudoflexinerianas representantes do mundo estadunidense do consumo. Mas a população não dá a mínima para convicções ideológicas socialistas, ela quer é qualidade de vida, aqui e agora. O que a voz das ruas grita e os governos teimam em não entender é que a saúde pública importa na medida em que a qualidade de vida em saúde de cada cidadão conta. Sim, há uma crise de representação. Cabe saber se a população será convencida de que quer o que não deveria e deveria desejar mais daquilo que já obtêm, ou se os cidadãos em sua demanda prática mudarão a política pública de saúde ignorando as construções de uma imagem do sistema de saúde perfeito desenhadas pelos sanitaristas do passado.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Citação da Semana

"Um erro antigo é sempre mais popular que uma nova verdade" - Provérbio Alemão - Tradução Livre

“An old error is always more popular than a new truth” German proverb

terça-feira, 18 de junho de 2013

Experiências de como somos tratados #1 - Aeroporto

Na véspera da Copa das Confederações, eu fui buscar meu pai no Aeroporto Internacional de Confins (Tancredo Neves). Aquela era uma quinta-feira tranquila e o aeroporto aparentava estar mais vazio que de costume. O voo estava agendado para pousar às 7h58. Como um britânico, eu cheguei pontualmente ao aeroporto, faltando 5 minutos para as 8 horas. Foi o mais perto de ser preciso possível com um trânsito imprevisível e com as obras surpresa que a prefeitura e o governo do estado nos brindam. Pois bem, me aproximei da área de embarque e desembarque e permaneci dentro do veículo, pois ali as placas indicavam que era permitido parar, mas proibido estacionar. Não havia, ali, como nunca há no Brasil, informações claras sobre o tempo máximo de permanência para o embarque e desembarque. O que tornava tudo uma questão de interpretação. Sem avisos e partindo-se dos princípios que tudo que não é expressamente proibido é permitido em uma sociedade livre, um liberal poderia acreditar que, desde que o condutor não abandonasse o veículo, ele poderia permanecer ali o tempo que fosse necessário para realizar o seu embarque ou desembarque. Entretanto, para eu que venho morando no Brasil desde o meu nascimento, não é difícil compreender a nossa ambiguidade natural e intrínseca do "pode, mas não deveria". Logo, com tudo isso ponderado, considerei que 10 minutos seriam um tempo razoável de espera. Foi então que ao som de "A Voz do Brasil" pus-me a aguardar o desembarque de meu pai num dos extremos da enorme e semivazia plataforma.


Qual não foi a minha surpresa quando em menos de 5 minutos apareceu um homem da BHtrans que passou apitando intermitentemente como quem quer se fazer notar, mas sem nenhum significado dentre os códigos de sons que aprendemos na autoescola. Um pouco afastado de mim, alguns carros que decidiram parar em áreas proibidas se põem em movimento. É então que o representante do Estado passa por mim e me cumprimenta com um joinha. Eu retribuo educadamente o cumprimento. Mas consciente da nossa ambiguidade local eu ponho-me a observar o organizador de transito para tentar decodificar se seus ambíguos gestos significam uma aprovação da minha conduta por parar corretamente ou uma reprovação dela por não se adequar à sua interpretação sobre o tempo permitido de espera para o embarque e desembarque. Sem me dizer uma única palavra ele se afasta, mas à distância eu continuo assistindo aos seus movimentos.


Sem entender minha posição naquele contexto, eu estava me sentindo cada vez mais tenso, e, para piorar, os minutos demoravam a passar feito horas.


Aparentemente na interpretação do homem da BHtrans o tempo do embarque e desembarque era apenas aquele tempo mínimo da pessoa dentro do veículo ser defenestrada do carro para a plataforma como algo que se joga fora com asco ou um atleta em uma corrida de Triatlo ou o tempo do passageiro – que já deveria estar de prontidão na vaga em que o veículo iria parar, mesmo sem nenhuma numeração ou marcação – tropeçar desajeitado da plataforma para o veículo que o aguardava.


Foi então que ele retornou o caminho que tinha feito, passando próximo de mim. Eu descobriria em pouco tempo que ele caminhava mordido e incomodado pela minha falta de compreensão de que, ao ver um oficial do trânsito, o trafegante deveria obviamente deduzir que estaria fazendo algo errado e, assim, deveria procurar afastar-se rápido evitando ser enquadrado em algum delito. Afinal quem poderia atrevidamente se considerar um cidadão em pleno gozo de seus direitos e em conformidade com as restrições das leis e regulamentos se as nossas normas são tão extensas, confusas, intricadas e contraditórias?! Ninguém! Um real cidadão de bem deveria sempre deduzir que está em permanente descumprimento de pelo menos meia dúzia de regulamentos e evitar as autoridades. Autoridades que como pais zangados repreendem e enquadram os filhos só como o olhar. Olhar com o qual os filhos se endireitam e saem do caminho de suas vistas apavorados e colocando-se em seu devido lugar na hierarquia social.


Como a ambiguidade estava me deixando completamente desconfortável, não poderia perder a oportunidade de esclarecer tudo. Foi então que eu o surpreendi tomando a iniciativa e perguntando se estava tudo bem. Surpreso com a minha pergunta, irritado com a demora do atendimento à sua mensagem implícita no contexto e irônico por aquilo que lhe parecia óbvio ele me disse "Circulando meu amigo, aqui não pode ficar parado não, eu te disse".


Não havia dito nada! Apenas me cumprimentou e exigiu que eu lesse seus pensamentos e executasse suas ordens que estavam, apenas para ele, contextualmente implícitas. Ademais, não é exagero lembrar, não era o que a placa dizia, pois, segundo ela, ali não poderia estacionar, mas poderia parar.


Consciente de meu pleno status de cidadão eu respondi incomodado, mas também consciente de "como as coisas funcionam na prática em nosso Estado Policial" dei a resposta aceitável. Desculpei-me nem sei bem pelo que eu fiz de errado, expliquei o engano e prontamente saí dali.


Saí dali e dei voltas em torno do aeroporto, até decidir parar novamente no extremo oposto da plataforma. Tive de parar, precisava tentar entrar em contato com o meu pai e não iria ligar para ele dirigindo o carro – o que verdadeiramente vai contra as leis de trânsito. Como eu não tinha nenhuma informação sobre o voo, ou sobre a chegada dos passageiros, fiquei ali alguns minutos realizando sucessivas tentativas de contactar o meu pai. Isto tudo com a terrível sensação de poder ser repreendido pela desorganização geral do local e sua falta de conforto e de opções. A única alternativa, se é que tinha alguma, era o estacionamento que aparentava estar lotado, mesmo em um dia de baixo movimento, mostrando-se claramente subdimensionado. Além do mais me parecia absurda a ideia de estacionar para uma espera que, embora indeterminada, seria curta e pagar um alto valor por isto. Além disto, provavelmente o tempo de chegar ao estacionamento seria o tempo de meu pai alcançar a plataforma.


O pisca-alerta estava ligado me mostrando que aquela situação era um problema excepcional e que eu permaneceria ali o mínimo tempo necessário para solucionar a contingência e então sairia dali o mais rápido possível como alguém que se sente a abusar de um favor concedido.


É desnecessário dizer que a utilização do terminal aeroviário já estava paga nas caríssimas taxas de utilização do aeroporto. Elas foram pagas junto com a passagem e todos os pesadíssimos impostos que eu paguei e foram alocados para este péssimo e improvisado serviço.


Muito poucos minutos tinham se passado quando meu pai me ligou avisando que só estava pegando as malas e já sairia. Mas o alívio durou pouco, pois, como eu notaria durante a ligação, os apitos já soavam enquanto eu era enxotado da plataforma novamente.


Nem discuti. O apitador estava distante e esperá-lo se aproximar ou ir até ele só aumentaria a sua ira, como a maioria de nós sabe.


Circulei o aeroporto novamente e ainda na metade do percurso meu pai já estava me ligando novamente. Claramente, depois de pegar as malas, ele deve ter gasto menos de 2 minutos para alcançar a plataforma onde eu estava. Entretanto eu não pude atender à ligação, esta sim uma verdadeira infração de trânsito, pois estava em movimento. Terminei o circuito e parei novamente próximo ao centro da plataforma para responder à ligação com o coração na boca por estar parando na área permitida para fazer um embarque, mas na qual incomodava aqueles cuja função era organizar o trânsito como aquele que guarda um brinquedo na caixa para não estragar; ignorante que na sua paranoia conservacionista jogava fora qualquer utilidade no usufruto do brinquedo.


Respondi à ligação e meu pai me informou que já estava me aguardando no final da extensa plataforma. Era claro que eu já estava marcado naquele insultuoso jogo de esconde-esconde. Então eu decidi não ficar ali mais que os segundos necessários.


Parti imediatamente, e ainda bem, pois provavelmente já iria iniciar um apitaço.


Dirigi-me aonde meu pai me aguardava e assim que eu dei seta para parar e embarcar meu pai o apito começou e o guarda avançou em minha direção. Quando parei a coisa ficou tão absurda que o meu pai que não sabia de nada se incomodou e de longe sinalizou irritado que estava a embarcar.


Só então o apito cessou. Pude imaginar a cara de satisfação e gosto de dever cumprido do burocrata virtuoso que nos expulsou dali a despeito da afronta final. Mas a reflexão e indignação me acompanham até agora. Pensamentos sobre como somos maltratados apesar dos preços caros que pagamos e dos altos impostos que nos extorquem.


Não consigo parar de pensar como tudo isso está absurdamente errado e ninguém corrige a situação. Até quando aceitaremos ser tratados como cidadãos de segunda categoria e clientes dispensáveis?


Quando é que tomaremos alguma atitude sobre serviços públicos porcos e sofríveis e serviços de mercado caros e ruins?


Como aqui às vésperas da Copa das Confederações, eu estava em Kiev, na Ucrânia, às vésperas da Eurocopa. Lá eu vi uma situação muito diferente. Aquela ex-república soviética já estava há muito tempo plenamente convertida ao capitalismo quando eu ali estive. Lá, como aqui, se faziam as últimas obras para o acabamento daquela cidade para aquele grande evento. Entretanto lá, ao contrário daqui, o conforto era a regra. Campanhas na televisão reforçavam a importância da população ser receptiva. Os caminhos eram bem sinalizados e as regras estavam claras em qualquer lugar que se ia. Por exemplo, lojas sempre dispunham de horário de funcionamento mostrados nas portas e, se você fosse pontual chegando no horário de abertura, encontraria a loja aberta na hora exata anunciada. Havia em seu aeroporto espaço confortável para o embarque e desembarque não importando o tempo que levasse. As últimas obras haviam sido anunciadas com antecedência e estavam todas plenamente sinalizadas. Além disto, sempre havia rotas alternativas por onde o transito fluía sem nenhum transtorno.


Estas e mais um sem número de soluções simples, baratas e engenhosas proviam serviços públicos e privados de excelência e alta qualidade mesmo quando tudo em volta estava mudando. Lições de um local distante e pouco conhecido que deveríamos aprender.


sexta-feira, 7 de junho de 2013

domingo, 2 de junho de 2013

Nota sobre o Problema da Indústria

Nosso problema industrial não é de preço baixo demais (o qual se corrigiria via desvalorização do câmbio, o que tornaria os importados mais caros e os exportados mais baratos - dando maior folga para o aumento dos preços aqui dentro), pelo contrário, o preço de nossos produtos industriais é absurdamente alto. O nosso problema industrial é de custo alto e baixo diferencial competitivo (falta de inovação). Se voltássemos à ideia de Michael Porter nós veríamos que não conseguimos alcançar nenhuma de suas estratégias genéricas (liderança de custo, diferenciação ou Foco). Não temos liderança de custo porque nossos custos são altos demais, Carga Tributária extremamente alta, imposto especial que só incide na atividade industrial (IPI) - qualquer analogia aos impostos de desincentivo, como os dos cigarros é mera realidade - e muitas disfunções burocráticas nos trâmites legais que torna super caro fazer qualquer coisa, principalmente mudar em qualquer direção. Não temos diferenciação porque por aqui não há quase integração nenhuma em pesquisa e desenvolvimento e trabalho industrial prático. E não temos foco porque decidimos construir uma indústria plenamente diversificada. Estamos no que Porter relata como atolados no meio, e lá não há vantagem competitiva e sem vantagem competitiva nós estamos condenados a perder mercado até a falência. Está tudo lá, páginas 16 e 17 de Competitive Advantage de 1985 (1985!!! Eu não tinha nem nascido e ele já havia descrito o processo do desafio industrial brasileiro do século XXI).


Mas o que o governo tenta fazer? Se a indústria brasileira não consegue se reorganizar e adotar uma estratégia que a leve ao sucesso (muito por causa da interferência desorganizadora de governo, é verdade), é o povo (principalmente o mais pobre) que deve construir sua vantagem. Primeiro forçar um fechamento do país aos importados (principalmente através da manipulação dos preços relativos via câmbio), isso criará uma estratégia focalizada do setor industrial brasileiro no público brasileiro que simplesmente não terá outra opção de compra (algo em torno de oligopólios). Vai funcionar, para a indústria, enquanto o país fica mais pobre, as famílias perdem renda, e o PIB diminui, os industriais terão alguma recuperação. Mas é isso mesmo o que queremos?


O caminho mais adequado, na minha opinião, seria adotar a estratégia que fosse via setor competitivo. Os nossos problemas de custo estão na produtividade da mão-de-obra (educação, educação e educação), na baixa competitividade dos fornecedores (pouca inserção nas cadeias competitivas internacionais), carga tributária pesada demais (para que um imposto só sobre o processo de industrialização? é para desincentivar a indústria?) e burocracia totalmente desfuncional (gasta-se mais tempo no Brasil para calcular e pagar os impostos do que praticamente qualquer lugar do mundo, sem contar nas licenças e outros entraves regulatórios desnecessários e/ou desfuncionais aos quais nós chamamos de burocracia enquanto pedimos, paradoxalmente, por mais regulação). Já nossos problemas de inovação estão na nossa total incapacidade de integrar de forma eficaz ciência e prática. Por fim nosso problema de foco está num cenário instável (com flutuações caóticas de incentivos produzidos pelo governo a todo o momento com excesso de ativismo sem direção clara) e no fato do despreparo técnico do nosso empresariado nacional.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Notas sobre Startups

Eu vejo um grande esforço de governos tentando fomentar as startups. Que no conceito do governo tem significado muito restrito, seriam apenas aquelas novas empresas de base tecnológica e, por tecnologia, tomam um conceito ainda mais restrito, pensando apenas em tecnologias já claramente definidas e passadamente revolucionárias (o que não faz o menor sentido quando o caso é buscar a INOVAÇÃO).

Eles querem ajudar, mas as verdadeiras startups acontecem por aí, longe da intervenção governamental. E quase sempre aquelas "ajudadas" não vingam, porque não se adaptaram ao mercado, se adaptaram às exigências da regulamentação oficial dos programas de incentivo que, muitas vezes, levam ao desperdício de dinheiro público. E, como muitas outras, uma verdadeira startup está aí, a Porta dos Fundos.

Porque os governos não precisam ajudar, é só não atrapalhar, só não ficar no caminho, as startups vão acontecer naturalmente através do impulso individual do empreendedorismo.

Não precisa ajudar, só pare de atrapalhar com impostos abusivos e regulamentações paralisantes, sobretudo regulamentações paralisantes e excesso de burocracia. As pequenas precisam de se mover rápido para não serem devoradas pelas grandes, é a única vantagem que elas têm, se você impede isso fazendo elas ficarem presas na burocracia de uma licença ou alvará, etc, você fará delas presas fáceis.


Mas se vocês do governo quiserem MESMO ajudar, parem de dirigismo. Vocês não vão conseguir adivinhar o próximo Google, Facebook, SpaceX ou Porta dos Fundos. Vocês não saberão se a próxima startup vai estourar no ramo de exploração espacial ou desentupimento de canos de banheiro, simplesmente isso, vocês não são nem serão capazes de adivinhar nem ao menos o setor da economia em que as startups vão acontecer, pois o seu conceito de tecnologia é muito restrito. Geralmente as grandes sacadas se dão por cima das tecnologias duras, mas não entre elas, as revoluções se dão sobre elas, mas dentro das tecnologias leves, sem que ninguém premuna ou antecipe, nem mesmo aqueles atores que farão a revolução. Se querem realmente ajudar, permitam um ambiente simples e positivo para todas as empresas abrirem, adquirirem tecnologia, aplicarem tecnologia, testarem coisas novas e, se nada der certo, fecharem, sem complicações e sem medos de problemas futuros maiores por simplesmente terem tentado.

Sobre a Porta dos Fundos

terça-feira, 28 de maio de 2013

Notas sobre: Financiamento Público de Campanha

O financiamento público exclusivo de campanha é apresentado como solução para o seguinte problema: os políticos não declaram parte do dinheiro privado que recebem para suas campanhas.

Mas vejam, eles não declaram porque esta parte vem de fontes não declaráveis. Principalmente porque este dinheiro é ilícito, vindo do dinheiro público, principalmente de desvios de empresas públicas/estatais. Ora, proibir a parte lícita do dinheiro privado nas campanhas vai impedir a parte ilícita?! Claro que não! Então, onde está a lógica?

A lógica está no fato de que o dinheiro público vai continuar indo para a campanha de políticos antigos (como Sarney e Renan) - porque os novos, os renovadores, não terão acesso ao banquete -, mas dessa vez ninguém poderá condenar os políticos antigos por isto (pelo uso do dinheiro público em suas campanha). E você e todos os cidadãos pagadores de impostos, principalmente os mais pobres, pagarão a conta por toda a festa. O pior de tudo, a ressaca dessa festança, nem é o aumento dos gastos públicos, nem a manutenção do uso do dinheiro ilícito (caixa 2). O foda é que este esquema levará à diminuição da renovação no Congresso através da concentração dos recursos disponíveis nos políticos antigos (que criarão, em benefício próprio, este esquema

Coisas que eu gostaria de entender #2 Sociedade Brasileira

Brasil: eu realmente queria entender um país que superestima e idealiza o papel do Estado e dos governos, mas subestima e estigmatiza a política.
--
O tempo todo o que mais ouvimos é:
1) os políticos são corruptos.
2) nós precisamos de mais Estado.

Onde está a lógica ?

domingo, 19 de maio de 2013

Pensamento da Semana

Nem toda a nossa tecnologia pode nos salvar da nossa falta de filosofia.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Coisas que eu gostaria de entender #1 Governos

Brasil: eu realmente queria entender um país que superestima e idealiza o papel do Estado e dos governos, mas subestima e estigmatiza a política.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Pensamentos

#1 Sobre o que geralmente se chama de política aqui no Brasil: Eles chamam isso de política. Que tristeza. Eu tinha significados tão mais nobres para esta palavra... #2 Sobre o papel do Estado: O Estado deveria ficar o mais longe possível da economia delegando ela aos agentes privados. E o mais perto possível das políticas públicas, puxando o máximo para si o ônus das famílias com idosos e crianças.

sábado, 20 de abril de 2013

Discurso da Semana: Atendimento no Sistema de Saúde

Por Renato Paulo Nicácio Pedrosa


Um amigo meu foi recentemente mal atendido no sistema de saúde mineiro.

Isso me deixou tão estarrecido que eu tive de escrever um discurso =D

Segue ele aí, para todos os meus leitores.

Meu amigo,

É uma hora sombria aquela que se apresenta quando o cidadão encontra-se desamparado pelos serviços de atenção em seu momento de maior fragilidade.

Estes são os riscos de sistemas demasiadamente coletivistas em que um homem torna-se apenas um meio deixando de ser tratado assim como ele é, um fim em si mesmo. É excessiva a interpretação asfixiante de que o interesse público pode ser alcançado sobre o massacre do interesse da pessoa humana. Só uma imensa ignorância não vislumbra que o interesse coletivo de todos é construído pela soma dos interesses individuais de cada um em nossa sociedade. Fora disso, fora do entendimento pluralista do direito individual, na compreensão de um todo sem as partes, só nos restará a tirania e a decadência humana.

Bem aventurados somos que possuímos e construímos, com suor e lágrima, uma nação benigna que nos permite a livre expressão do pensamento. E é na arte de nos expressarmos livres e desimpedidos de constrangimentos que construímos o desejo de um povo soberano. A liberdade de expressão não é tão maravilhosa apenas pelo gozo que há em de livre se expressar, o valor humano sem o qual não somos mais do que escravos do desejo do outro. A liberdade de expressar-se é tão gloriosa porque é através dela, e só através dela, construímos a opinião pública, a vontade cívica de nos auto-determinarmos e orientarmos nossos esforços enquanto interesse público para um futuro melhor.

E se o interesse público é tão importante, não o é porque é a vontade do Estado que torna o povo conforme seu desejo. Muito pelo contrário. O interesse público é tão importante porque é a vontade do povo, a soma das vontades dos indivíduos que compõem uma nação, que turva e conforma a vontade do Estado segundo seu interesse dando luz assim e somente assim a um futuro melhor.

Se reclama (o povo) não é porque seja inimigo do Estado, como não pode o homem antagonizar a ferramenta que o auxilia. Se reclama é porque molda através da crítica construtiva e acalorada como o homem que martela o ferro em brasa moldando a ferramenta que o auxiliará.

E o que quer o povo? Ele não quer favores, porque não os merece e não os deseja, pois os serviços públicos, incluindo o serviço de saúde, não são gratuitos – são custosos. Se não os paga diretamente é porque já os pagou antecipadamente através de impostos. Os pagou não só adiantado, mas também de maneira mais custosa. Não só porque pagando adiantado perdeu seus frutos entre o momento em que pagou e aquele que efetivamente usufruiu da contrapartida, nem porque a carga tributária extorsiva leva até parte do pão e quase toda oportunidade de lazer, tão pouco porque vê pouco retorno, mas é mais custoso porque é sem a opção de escolher se paga ou não, uma vez que o imposto é imposto, perde a liberdade de negociar e a capacidade de barganhar com o prestador de serviços podendo, inclusive, chegar ao absurdo de ser escamoteado pelo prestador de serviços que zomba de sua necessidade enquanto usufrui do dinheiro de seu trabalho, como ocorreu no caso acima mostrado.


Se não quer ser mal tratado e destratado, afinal, o que quer o povo?!


O povo: eu, você, ele, nós, queremos ser muito bem tratados, queremos ser bem cuidados por alguém que se importe com a nossa situação e mostre humanidade em nosso momento de debilitação. Queremos um serviço de saúde (e outros serviços públicos) que nos cuide e se importe conosco e com nossa situação, cientes que os serviços oferecidos não são gratuitos, eles são pagos, muito bem pagos e custosos.


Queremos um sistema de redes que sejam orientadas ao cidadão, não hierarquizadas. No qual após a nossa entrada em algum ponto de atenção, todo o sistema de saúde se sinta responsável por nossa condição, como realmente deve ser, e só nos deixe após nossa plena recuperação.

Em redes verdadeiras, após entrado em qualquer ponto do sistema, este colocaria o cidadão-cliente-usuário-pagador-de-impostos-paciente no melhor ponto de atendimento possível com as máximas eficiência, eficácia, efetividade e qualidade possíveis. No caso concreto, após dada a entrada no sistema, o mesmo deveria levar o paciente ao ponto de atendimento mais adequado através de um sistema de transporte não “ambulancial”. Levá-lo ao ponto de atenção e cuidá-lo e só então, depois de feito todo o possível e melhorado sua condição, deixá-lo retornar à sua casa cuidado e reconfortado. E isso tudo, se possível, feito por uma equipe multidisciplinar. Todo o processo tem por obrigação de ofício ter sido feito em interações plenamente respeitosas e totalmente voltadas para o atendimento ao interesse do cidadão-cliente-pagador-de-impostos-paciente. No final do processo a entrega não deve ser apenas um cidadão-indivíduo bem cuidado, amparado, acolhido e tratado, mas também satisfeito e, na medida do possível, feliz. Isto é responsabilidade do sistema de saúde.

E todos nós que lidamos com os serviços de saúde não devemos nos sentir atacados por reclamações, mas sim incomodados e desafiados a construir um serviço de saúde melhor e que seja digno dos nossos melhores esforços e de toda excelência que nossa nação pode propiciar.

Enquanto você, meu amigo, tem a minha solidariedade e o meu compromisso que junto a você eu farei o meu melhor para construir os serviços de saúde que nós tanto merecemos. E é certo que isto só se fará com algumas reformas. Se devemos aprofundar a boa obra já semeada, também devemos introduzir elementos novos como: avaliação de todo o serviço pelo cidadão, plena disponibilidade de informação transparente sobre o sistema e até mesmo elementos de competição em busca do melhor atendimento possível ao cidadão.


Juntos nós podemos muito mais!



Grande Abraço,

Renato Pedrosa

sábado, 2 de março de 2013

Pensamento do Dia

Fazer gestão de pessoas dissociado de uma gestão da governança geral da organização é como guiar um carro sem ter destino para ir. Você pode até impedir acidentes e evitar sair da pista, mas sem destino de nada adiantará dirigi-lo.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Reforma Política

Por que não passamos à eleição direta para a presidência do Senado e da Câmara dos Deputados?
Por que não fica selecionado o candidato mais votado como presidente da Câmara e do Senado?
Ou por que não fica eleito presidente da Câmara e do Senado o candidato mais votado do partido mais votado?
Ou por que não cada partido indica um de seus candidatos a senador e deputado federal para presidência antes da eleição e, dentre estes candidatos à presidência, os mais votados ficam ficam com o cargo?

Isso alinharia os incentivos e faria estes presidentes se preocuparem mais com os interesses da população do que com os interesses de seus pares.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Pensamento do Dia

A regulamentação no Brasil é assim: leis mal escritas que são mal cumpridas, inclusive pelas autoridades, e mal fiscalizadas. Quando precisam ser utilizadas em um julgamento, este se dá de forma inconsistente e incoerente em uma hermenêutica (interpretação) de valores subjetivos e não falseáveis (não científicos, pelo gosto pessoal do julgador). Leis escritas de maneira complexa são usufruídas por pessoas subletradas que, infelizmente, têm dificuldades com os textos mais simples. Regras extremamente apaixonadas e criadas no calor de tragédias públicas quase nunca levam em consideração o cálculo racional de seus efeitos práticos com os impactos esperados e presumíveis, os custos aceitáveis e os benefícios desejáveis que devem ser alcançados.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Pensamento do Dia!

A gramática normativa portuguesa está repleta de argumentos tautológicos. Quando teremos um gramático que tenha estudado também lógica formal?

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Pensamento do Dia

Os maiores dons que a escola me propiciou foram a leitura e a capacidade de contar. Todo o resto ou foi acessório ou foi edificado por cima destes primeiros dons.