segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Evolução do PIB per capita - Evolução das Rendas e das Capacidades

Por Renato Paulo Nicácio Pedrosa


Conheça os dados em: http://data.worldbank.org/




Amigos leitores, uma das postagens mais movimentadas no meu blog é aquela que compara o crescimento econômico do Brasil, de Portugal, do Reino Unido (vulgarmente simplificado como Inglaterra durante o texto, apenas para facilitar o entendimento) e dos Estados Unidos.


Foi por isto que constatei que há escassez de material deste tipo em português, bem como análises claras que permitam qualquer concidadão compreender de maneira clara e fácil o que se passa com sua nação em relação às demais.


Neste sentido trago para vocês hoje mais algumas informações interessantes. Vou mostrar o crescimento da renda média por cidadão em um médio prazo. Não se assustem, a definição técnica para isto seria algo como: crescimento médio absoluto do Produto Interno Bruto (PIB) per capita (como vocês sabem, por cada cidadão) entre 2005 e 2010. Os valores utilizados estão em dólares (para facilitar as comparações entre países), a preços de 2005 baseados em paridade de poder de compra (PPP – evitando distorções de curto prazo cotações das moedas).


Por que levantar estes dados? Para se ter uma noção do bem estar econômico potencial de uma nação. Eu vou explicar melhor ao final, quem tiver interesse leia.


Primeiro vai se analisar o Brasil entre os BRICS, entendendo-os como Brasil, Rússia, Índia, China, e, incluindo, a África do Sul.




Fonte: Elaboração própria, dados do Banco Mundial.



Neste grupo o Brasil mostrou um crescimento médio. Houve no país U$309,29 a mais de riqueza por habitante. Na China este crescimento foi de $539,10; na Índia foram U$188,15 e na África do Sul U$175,91. Se tirarmos a África do Sul da análise e voltarmos ao grupo original dos Brics, o Brasil se encontra na metade inferior do ganho de riqueza per capita.


Vale lembrar que a China aplica os princípios do desenvolvimento capitalista de forma agressiva: sua taxação é de 20% do PIB enquanto no Brasil alcança quase 40%, os gastos do Estado são prioritariamente em infraestrutura (enquanto no Brasil são em seu estado de bem estar social), possui universidades de ponta (bem além das brasileiras), tem incentivos pesados para a poupança (largando indivíduos que não poupam à própria infelicidade), explora os cidadãos ao manipular o câmbio, achatando o consumo interno (e por tanto o bem estar real) pelo consumo futuro (bem estar futuro).



Agora o Brasil entre os (principais) países da América do Sul, têm-se os seguintes dados:




Fonte: Elaboração própria, dados do Banco Mundial.



Percebe-se que o Brasil se encontra na metade de cima entre os países americanos do sul. É interessante constatar o ponto em que a Argentina está, para isto, penso, deve-se levar em conta seu nível educacional. Vale lembrar que a Argentina já foi um dos países mais ricos do mundo, degradando-se durante o século XX.



O Brasil e os países de língua portuguesa:



Fonte: Elaboração própria, dados do Banco Mundial.



Percebe-se que só angola se encontra em ponto mais confortável que o Brasil.



BRICS e o G7 juntos:




Fonte: Elaboração própria, dados do Banco Mundial.



Revela-se o Brasil como liderança entre os países de desenvolvimento médio ou alto.



Brasil e pequenos países líderes de desenvolvimento ou em crise:




Fonte: Elaboração própria, dados do Banco Mundial.



Todos os países analisados neste estudo:




Fonte: Elaboração própria, dados do Banco Mundial.



Explicações sobre o estudo



Como se sabe se um país está melhorando ou piorando? Há várias necessidades das pessoas, para além das necessidades fisiológicas as pessoas precisam de coisas como liberdade, igualdade e fraternidade (para mencionar apenas as clássicas).


O problema é que cada um destes aspectos é multifacetado. Existem diversos tipos de liberdade, das políticas às pequenas decisões do dia-a-dia, como também existem diversos tipos de igualdade, das de gênero às de capacidades. Da mesma forma que é difícil imaginar todos seus aspectos também é quase impossível medir a todos eles.


Uma medida parcial, mas boa porque efetiva, direta e razoavelmente fácil de mensurar é a econômica. É fácil saber em que ponto estamos de uma igualdade de rendas, é só utilizar o índice de gini, não é tão complexo perceber o quanto estamos próximos de uma fraternidade econômica, é só verificar o montante de recurso em políticas de bem estar social e sua efetividade, também é razoável deduzir a liberdade econômica, é só ver quantas opções reais e informações claras uma pessoa possui em um processo de compra.


Entretanto todos estes aspectos dependem de um só, principalmente no longo prazo. Quanto cada indivíduo possui em média de riqueza para despender com seu conforto econômico? Ou seja, mesmo que todos os indicadores anteriores fossem os melhores possíveis, seus efeitos concretos ainda dependeriam de quanto de fato há de possibilidade em dada economia. Neste intuito esta avaliação se utiliza do indicador PIB per capita, porque ele dá a capacidade econômica média de liberdade, fraternidade e igualdade dentro de uma nação, ou seja, o quanto de conforto econômico é possível, dada uma dada realidade e dentro dos aspectos relevantes para a felicidade de todos.


Uma vez decidido pelo PIB per capita, por que vamos nos utilizar de seu crescimento absoluto ao invés de seu crescimento relativo, como é tão usual em estudos com este indicador. Porque penso que embora o crescimento relativo seja interessante para ver o sucesso em manter um ritmo de evolução de uma nação, facilitando comparações intergeracionais de um mesmo lugar, mas é péssimo para medir países diferentes, principalmente quando são países muito diferentes (com rendas per capitas iniciais muito desiguais). Ou seja, este indicador vai mostrar o quanto a mais de riqueza uma nação possui para despender por pessoa por ano, mostrando quantos produtos a mais uma pessoa pode ter, ou a melhoria possível em um serviço público de saúde, por exemplo.


O período foi escolhido para ter a capacidade de medir o resultado das políticas foi de 2005 a 2007 porque demonstra resultado das decisões tomadas de forma mais recente sem, entretanto, ficar a mercê de variações de curtíssimo prazo.

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