Assim como na saúde, o Brasil precisa urgentemente parar de comemorar aumento de gastos na educação.
Fico imaginando qualquer um de nós comemorando que está gastando mais no supermercado ou que está gastando mais com a conta de luz.
Evidentemente todos queremos uma educação melhor. Mas a educação tem que melhorar por si e se possível passar a gastar menos. Caso não seja possível e o gasto tenha de aumentar para que se melhore a qualidade de nossa educação, vá lá, é totalmente aceitável, mas não é o melhor cenário possível. No entanto esta festa de verbas teria de acabar. Estamos em um contexto em que todo aumento de gastos é sempre vendido como melhoria. Enquanto nós ficamos cada vez mais atrás nos exames internacionais, nossos educandos sabem resolver cada vez menos problemas de quaisquer ordens e nossa competitividade internacional cai se resumindo a produtos sem conhecimento embarcado. Na contra mão do futuro em nossas escolas e sociedade se sente cada vez menos tesão pela mais incrível das experiências que são o esclarecimento e a conquista autonomia intelectual.
Mas os professores não ganham o que socialmente se considera o adequado. Esta é uma verdade, todavia, só há duas maneiras de se resolver isto. Uma, mantendo os grandes e ineficientes modelos monopolísticos e burocráticos, é com o movimento sindical surgido na revolução industrial. Através do conflito de classes o proletariado do ensino forçaria aqueles que se apropriam dos ganhos educacionais a reparti-los. Outra, transformando as escolas em unidades administrativas autônomas, é através da meritocracia e autonomia. As escolas sendo unidades administrativas autônomas e independentes buscariam resultados. Para alcançá-los teriam de conquistar o melhor capital humano disponível na educação e motivá-lo. Para chegar a esta conquista se necessitaria pagar o melhor possível pelos melhores professores, melhorando os salários através da meritocracia – já que todos tentariam tornarem-se melhores professores –, pois parte significativamente importante para motivar esta mão-de-obra envolveria incremento nos seus salários. Logo o aumento de salários dos professores não deveria envolver puro aumento de salários motivados pelo folclore nacional que diz que o aumento de gastos em educação significaria melhoria educacional.
Mas os alunos “são” desmotivados. Para este problema o ambiente da escola tem ser focado neles atendendo-lhes suas demandas e ensinando-lhes conforme melhor poderiam aprender. É a educação com foco no aprendiz. Como o aluno se tornaria importante para a obtenção de melhores resultados e, portanto, destaque da escola e, com isto, o salário dos professores: todo ambiente educacional seria construído para cativá-lo e motivá-lo para o estudo. Com este clima agradável, competitivo (no melhor sentido que esta palavra possa ter em nosso idioma) e “co-labor-ativo”.
Quanto aos gestores das escolas, deveriam ganhar bastante autonomia e governabilidade com unidades escolares autônomas. Seu trabalho não mais seria repetitivo e monótodo, mas seria rico e cheio de desafios. Com seus salários também adequados ao clima de resultados deveriam buscar os melhores destes possíveis. Sendo o gestor exonerado quando não atingisse as metas e bonificado quando as ultrapassasse. Poderia alocar os recursos disponíveis da melhor maneira possível criando engenharias-organizacionais sinérgicas e efetivas. As metas por sua vez seriam comparadas fazendo com que elas crescessem continua e realisticamente com o aumento percebido do nível geral das escolas. Os custos para a falha não poderiam ser exagerados, para que o custo do erro não pudesse ser mais alto do que o benefício do risco de uma idéia nova, de um modelo de gestão novo, de uma engenharia organizacional inovadora. No entanto essa engenharia deveria também fazer com que os benefícios individuais menos custos individuais não poderiam também ser menores que o custo global de mudança (resistência das pessoas) para que não se dessem incentivos para a manutenção do status quo em detrimento do novo e melhor.
Os alunos deveriam ser estimulados a criar e inovar ao invés de simplesmente se posicionarem como seres passivos do processo educacional. Deveríamos estimulá-los a criar novas idéias, novos conceitos. Dar-lhes a oportunidade de crescer e se expressar através das ciências e do conhecimento. Deveríamos formar uma cultura de alunos questionares e curiosos que usam multi-canais de aprendizado na construção e reaplicação contínua do conhecimento no seu cotidiano. E mais: deveríamos lhes instruir também naquilo que eles têm interesse para que surtíssemos efeito imediato em suas vidas e para que eles estivessem estimulados a aprender. Desta forma construiríamos uma nação mais digna através da plenitude de oportunidades, da cultura empreendedora e da liberdade individual.
Muito bom! Vamos ver se com o pré-sal aumenta os investimentos em educação! Talvez não se a gente ficar quieto
ResponderExcluirO texto é de 2010 mas cá estamos em 2019 e esse mesmo discurso ainda pode ser aplicado.
ResponderExcluir