"Atentativa de resolver problemas com legislação não surtiu efeito nas oportunidades anteriores, mas ela é retomada continuamente.
A experiência vivida e o conhecimento acumulado parecem nada significar para informar novos procedimentos. A memória não existe. O processo náo avança pela evolução e aperfeiçoamento das ações, mas parece estar sempre recomeçando do zero. Ao escândalo que se seguiu à constatação da falsificação de remédios, em 1999; em vez de apontar para um aperfeiçoamento da fiscalização, que é absolutamente ineficaz, a sociedade brasileira (ieia-se, o Congresso Nacional, com o apoio da mídia) respondeu com um 'aperfeiçoamento' ou radicalização da legislação, conceituando o ato de falsificação de 'crime hediondo'.
O detalhismo da legislação ambientalista no Brasil, freqüentemente referido como avanço, contrasta com a falta de fiscalização e punição aos transgressores.
Esses exemplos confirmam aquilo que diversos estudiosos da sociedade brasileira apontam como distãncia tradicional entre arcabouço jurídico e a realidade social (Viotti, 1968; Schwarz, 1990, Fama, 1995, Holanda, 1971; Bosi, 1992; Prado
Jr., 1994, entre muitos)."
Ermínia Maricato - As idéias fora do lugar e o lugar fora das idéias - Planejamento urbano no Brasil
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