Eu acredito que o problema atual dos Estados Unidos é que sua taxa de juros está muito elevada para seu nível de atividade interna e para seu nível de atração de poupança.
Penso que a situação dos EUA não é a de um país normal. Por isto ele comportaria taxas de juros nominais negativos. Só assim o apetite pelo dólar diminuiria no nível necessário.
Sendo ajustado o nível negativo adequado haveria 3 cenários. No melhor das hipóteses investidores sem alternativa manteriam seus investimentos nos títulos do Tesouro Americano, criando o paradisíaco cenário de capacidade de investimento do governo crescente com estoque da dívida decrescente. Num cenário médio os investidores trocariam os títulos do governo por ativos de empresas nos EUA impulsionando a criação de negócios e emprego. No pior cenário, a fuga do dólar desvalorizaria esta moeda em relação às demais tornando os produtos estadunidenses competitivos e invertendo assim a situação dos EUA no médio prazo.
Se nada for feito a manutenção das taxas de juros próximas a zero juntamente com uma inflação em dólar acima deste patamar fará os rendimentos em dólar terem perdas reais crescentes. Embora a situação se arraste, no longo prazo o mesmo efeito do pior cenário anterior se concretizará, invertendo a posição deficitária dos EUA para superavitária.
No caso da Europa eu vejo um problema de risco moral. O arcabouço institucional do grupo permite que um país aumente seu estado-de-bem-estar-social sem ter de pagar a conta. A Grécia é o exemplo claro disto. Como sua moeda não pode desvalorizar em relação aos demais países do grupo, não há a correção natural dos preços relativos e o país "aproveitador" se beneficia sem custo algum. Mesmo durante uma crise (como a que estamos vivendo agora) a situação de curtíssimo prazo no país-caroneiro é superior à que seria se ele não tomasse carona. Por não haver possibilidade de que um país quebre ou que a moeda se desvalorize, a simples manutenção de taxa de juros alta é capaz de atrair capitais enquanto se desejar. Todos investidores estão cientes de que devem sair quando a situação das contas tender a impossibilidade operacional de pagamento e voltar tão logo isto tenha se resolvido no curtíssimo prazo. O problema é mais grave uma vez que assim que outros atores tomem consciência deste mecanismo tenderão a se comportar oportunisticamente. Logo, caso as instituições na Europa não sejam reformadas, a situação do velho continente tenderá a se degradar mais e mais.
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